A identificação precoce das perdas auditivas é de extrema importância para o desenvolvimento da criança, especialmente de sua linguagem. Seus efeitos dependem da gravidade, idade de início e tratamento utilizado.
Crianças com perda auditiva leve não ouvem quando uma pessoa lhes dirige a palavra com um tom de voz fraco ou distante. Além disso, não percebem todos os fonemas da palavra de maneira equiparada. Como conseqüência, essa perda pode causar um problema articulatório ou uma dificuldade na leitura e/ou escrita. Entretanto, a aquisição normal da linguagem não fica prejudicada.
Crianças com perda auditiva moderada encontram-se no limiar da percepção da palavra, sendo necessário que o tom de voz seja aumentado para que haja uma percepção do mesmo. Neste caso, são observados atraso na linguagem e alterações articulatórias, podendo haver problemas lingüísticos. De uma maneira geral, a criança identifica as palavras mais significativas, possuindo mais dificuldade na compreensão de alguns termos de relação ou frases gramaticamente complexas.
Crianças com perda auditiva severa possuem grande dificuldade em perceber a voz, identificando apenas alguns ruídos familiares, podendo chegar aos cinco anos sem saber falar. Nessas crianças, a compreensão verbal dependerá da aptidão de se utilizar a percepção visual, além de observar o contexto da situação.
Crianças com perda auditiva profunda não reconhecem a voz humana, o que as impede de adquirir a linguagem oral como as outras. As alterações dessa perda estão relacionadas à estrutura acústica e à identificação simbólica da linguagem.
O processo de construção e aquisição de linguagem oral de uma criança surda requer muito empenho. Ao nascer, um bebê surdo produz os mesmos sons que um bebê com audição normal, entretanto, como não há uma estimulação auditiva do meio, não adquire a fala como um instrumento de comunicação, já que o mesmo não possui um modelo para dirigir suas emissões sonoras. Por isso, é necessário que todas as vias perceptivas sejam estimuladas, complementando a audição prejudicada, para que a criança compreenda a linguagem e aprenda a se expressar.
Para saber mais:
Azevedo, M e cols. Desenvolvimento auditivo de crianças normais e de alto risco. São Paulo: Plexus, 1995.
Goldfeld, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo: Plexus, 1997.
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